Editorial

Mais uma bola fora na educação

É um assunto repetitivo. Mais do que isso, pode ser até cansativo, sobretudo para quem tem envolvimento direto com a gestão das universidades e institutos federais ou estuda em alguma destas instituições. No entanto, os cortes orçamentários que se repetem de tempos em tempos precisam ser tratados, levados a conhecimento da sociedade e por ela amplamente discutidos.

Na segunda-feira, enquanto a maioria dos brasileiros permanecia atenta aos lances da seleção brasileira no Catar, por aqui o governo federal oficializava mais uma tesourada nos cofres universitários. Desta vez, o drible sofrido pela educação pública teve um custo de R$ 244 milhões. Se este valor contingenciado agora já é bastante expressivo, imagine o impacto disso na rotina de instituições de ensino tão fundamentais quando somado a outros R$ 438 milhões que haviam sido bloqueados na metade deste ano. Ou seja, em questão de poucos meses, as universidades e institutos federais de ensino tiveram que lidar com R$ 682 milhões a menos em suas contas. Uma derrota de goleada, muito pior e mais vergonhosa que qualquer 7 a 1.

Como o Diário Popular tem mostrado, instituições como a UFPel, Furg, Unipampa e IFSul – as principais da Zona Sul com ensino técnico, tecnológico e superior de caráter público – têm enfrentado sérias dificuldades em manter-se em funcionamento com a estrutura mínima necessária. Afinal, se o orçamento encolhe, os compromissos financeiros continuam os mesmos. Todos os meses estão batendo à porta dos administradores os boletos de água, de energia elétrica, de contratos por diferentes serviços – limpeza e segurança, por exemplo –, o custeio de bolsas de estudo, de alimentação. E, ainda que ajustes venham sendo feitos pelas gestões, os reflexos são visíveis e estão nos testemunhos de estudantes, professores e funcionários.

Custa crer que, diante de tantos gastos difíceis de serem explicados dentro da administração pública federal, precise recair justamente sobre a educação o corte de despesas. Ou melhor, investimentos, já que instituições federais de ensino superior são responsáveis diretas por alguns dos resultados mais relevantes para o desenvolvimento do País. Não à toa, seguidamente são noticiadas pesquisas, criações e inovações que saem destes locais e interferem positivamente na vida de milhões de pessoas. Lances geniais dos craques que escapam dos golpes do dia a dia e buscam construir conquistas essenciais para o presente e futuro.

Pena que, apesar de tanto esforço, as universidades e institutos federais precisam frequentemente lidar com gols contra de quem deveria jogar junto.​

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